A cirurgia de revascularização do miocárdio, também conhecida como cirurgia de ponte de safena, tem como objetivo melhorar o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco em pessoas que apresentam obstruções graves nas artérias do coração (coronárias).
É um procedimento que utiliza veias ou artérias saudáveis das pernas, dos braços ou do tórax do próprio paciente para criar um caminho alternativo para o sangue. Essas veias e artérias são chamadas de pontes, pois redirecionam o sangue para uma área da coronária localizada após o segmento obstruído (Figura 1). Assim é possível contornar o bloqueio das coronárias reestabelecendo o fluxo de sangue normal para o músculo cardíaco.
A cirurgia de revascularização requer anestesia geral e dura em torno de 3 a 6h. Na técnica tradicional o cirurgião faz um corte longo no centro do tórax e através do esterno – osso localizado na parte da frente do tórax – alcança o coração. Depois de aberto o tórax, uma medicação faz com que o coração pare temporariamente de funcionar e a máquina de circulação extracorpórea (CEC) assume o controle da circulação e da oxigenação do sangue, substituindo a função do coração e dos pulmões enquanto o cirurgião implanta as pontes. Terminada a cirurgia, o cirurgião reestabelece os batimentos cardíacos e desconecta o paciente da máquina coração-pulmão. São colocados fios de marca passo temporários no coração para tratar quaisquer arritmias e drenos especiais são deixados temporariamente para eliminar resquícios de sangue na cavidade do tórax. O osso do tórax é fechado com um fio de aço que permanecerá no organismo mesmo após a cicatrização da ferida.
Novas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas para diminuir o desconforto e os riscos da cirurgia tradicional:
As novas técnicas não são indicadas para todos os pacientes e exigem do cirurgião e do hospital treinamento especial e estrutura tecnológica adequada.
A cirurgia de revascularização é uma das opções de tratamento para alguns pacientes com bloqueios nas artérias coronárias, assim como a angioplastia com implante de stents. Já o tratamento com medicamentos e mudanças no estilo de vida para controle dos fatores de risco está indicado para todas as pessoas portadoras de placas de colesterol, pois reduzem o risco de complicações como infarto e AVC, e a chance de progressão dessas placas.
Normalmente, a cirurgia de revascularização é considerada nas seguintes situações:
A escolha da melhor estratégia de tratamento – a cirurgia de revascularização ou a angioplastia com implante de stent – é um processo complexo que exige a participação do cardiologista clínico, do cardiologista intervencionista e do cirurgião cardíaco (Heart Team). O entendimento das preferências e expectativas do paciente é fundamental para a tomada de decisão sobre o melhor caminho a seguir.
A cirurgia de revascularização do miocárdio é segura e o risco de complicações é geralmente baixo, mas depende da saúde geral do paciente antes da cirurgia e se o procedimento será programado eletivamente ou realizado em caráter de urgência. Problemas como diabetes, insuficiência renal, enfisema, obstruções das artérias do cérebro e das pernas aumentam o risco de complicações cirúrgicas. A expertise da equipe cirúrgica e o treinamento da equipe hospitalar no cuidado pós-operatório são também de extrema importância para garantir bons resultados cirúrgicos.
Possíveis complicações da cirurgia incluem: sangramento, arritmias cardíacas, AVC, infecções e disfunção dos rins.
Informações detalhadas sobre o preparo para cirurgia serão fornecidas pelo cirurgião e pela equipe do hospital.
A alta hospitalar acontece normalmente após 5-7 dias da cirurgia. Nesse momento, o cardiologista clínico e o cirurgião fornecerão informações sobre dieta, atividade física e sexual, cuidados com a ferida cirúrgica, medicamentos e momento do acompanhamento em consultório.
O paciente deve se planejar para ter algum familiar, amigo ou acompanhante em casa durante o primeiro mês, pois nesse período pode necessitar de ajuda nas tarefas do dia a dia. A recuperação plena da cirurgia acontece entre 4-6 semanas.
Todos os pacientes que se submetem a cirurgias cardíacas são candidatos a participar de um programa estruturado de reabilitação cardíaca e respiratória. Com o programa, os pacientes têm uma recuperação física e emocional mais rápida e uma acentuada melhora na qualidade de vida.